Para começar, em Latim se formou o verbo volvere, “rolar, fazer girar ou voltar”.
De volvere veio a palavra voluta, do Latim volutus, “revirado, encurvado”.
E, se colocarmos o prefixo intensificativo re- antes, temos o nosso conhecido revólver, que se chama assim porque tem um tambor que gira.
Temos ainda, volubilis, “aquilo que gira com facilidade”, que virou o atual volúvel, qualidade que caracteriza uma pessoa que muda de idéia e de desejos com facilidade.
Do verbo involvere, “rolar sobre”, saiu o nosso envolver.
Naturalmente, colocando-se o prefixo negativo des- antes de envolver, temos desenvolver, que descreve um ato de “desenrolar, permitir a saída ou aparecimento de algo que estava tolhido”.
"Desenvolvimento" decorre de "desenvolver" = des + en + volver. Como "volver" = voltar, etimologicamente "desenvolver" significa não deixar voltar, ou seja, fazer progredir.
Vem daí o meia-volta-volver da marcha militar, ou seja, “voltar, ½ volta (ou 180º)”.
Também é a origem do nome do personagem Volverine. Aquele que sempre se quebra e se corta todo, mas volta ao estado normal.
O prefixo “des” denota :
1 - Nos substantivos:
a) coisa contrária ou falta de algo - desabrigo, desordem, desconfiança, desconforto, desamparo, desarmonia, desventura, etc...
b) cessação de algum estado - desengano, desilusão, desagravo, desuso;
c) coisa mal-feita - desserviço, desgoverno.
2 - Nos adjetivos:
negação da qualidade primitiva - descortês, deselegante, desleal, desigual, etc.
3- Nos verbos:
a) ato contrário ao ato expresso pelo verbo primitivo: desenterrar, desabotoar, desatar, descoser, desenrugar, desembainhar, desembaraçar, desconhecer, desconsiderar, desrespeitar, etc.;
b) cessação da situação primitiva: desempatar, desmamar, desimpedir, desenganar, desoprimir, etc.
c) tirar ou separar alguma coisa de outra: descascar, desfolhar, desmascarar, descobrir, descaroçar, etc.
ENTÃO ...............
.... viajando na batatinha da filosofia econômica da sociedade capitalista judaico-cristã ocidental
Desenvolvimento ......... sem envolvimento
Obter lucro sem me envolver com o todo
Obter lucro independente dos interesses do todo.
Concentrar os esforços no que gerar retorno e ganho direto pessoal.
O que importa é o meu lucro.
O que eu preciso fazer para obter benefício próprio.
Mesmo que a atividade traga prejuízo à coletividade,
Mesmo que a atividade traga prejuízo ao eco-sistema local.
Mesmo que a atividade resulte em queda na qualidade de vida futura.
Crescer e ganhar pensando no “agora”.
É a indução a um consumo desnecessário.
É a produção de um bem que tenha vida curta ou que se torne obsoleto em pouco tempo, necessitando de nova aquisição.
Construtoras que planejam o prédio sem se preocupar com a rua ou o bairro.
As imobiliárias que, visando as comissões, superavaliam os imóveis gerando uma expectativa ilusória como a bolha imobiliária de 2008.
Faculdades que derramam diplomas no mercado sem se importar com a qualidade dos profissionais ali formados.
Companhias de transporte que querem seus veículos lotados sempre até a capacidade máxima, sem se importar com o conforto e/ou a segurança de seus passageiros.
Empreiteiras que usam asfalto de baixa qualidade na confecção de estradas.
Concessionárias de estradas que deixam proliferar os buracos.
Transportadoras que abusam da falta de sono de seus motoristas.
Motoristas, em geral que abusam dos limites de velocidade.
Licitantes que fornecem material de baixa qualidade para o governo.
Governantes que “vendem” a qualidade de vida dos seus eleitores.
Todos – indistintamente todos os que patrocinam políticos, almejando benesses e contrapartidas futuras.
Escolas que pressionam seus professores para angariar alunos e tratam o ensino como simples mercadoria.
Planos de saúde que usurpam seus conveniados e achacam seus médicos.
Os bancos que abusam nos ganhos de mercado, mas que são salvos com dinheiro do povo quando sucumbem em desventuras ..... e seus dirigentes que criaram uma rede de interdependência tão grande que a queda de um ameaça a quebra de todo o sistema bancário – aí incluídas todas as economias da população.
Como as montadoras e concessionárias de veículos que buscam o aumento de suas vendas, mas não pensam no caos do transito.
Esse é o nosso conceito de desenvolvimento. Nós não nos envolvemos.
Se nossa casa esta segura, não nos preocupamos com a casa do morador do outro lado da cidade.
Se nossa empresa vai bem, não nos preocupamos com a empresa que fica no outro lado da cidade – incluindo seus clientes e fornecedores.
Esquecemos que qualquer desvio de verba pública resulta em perda de algum benefício que deveria ser destinado á coletividade – ao todo.
Se usamos plano de saúde particular, não nos importamos com os hospitais públicos.
Se nossos filhos vão a escola particular, não nos preocupamos com a qualidade do ensino nas escolas públicas.
Se usamos transporte particular, não nos importamos com os usuários de transporte público.
Se colocamos nosso lixo para ser recolhido na rua, não nos preocupamos com o seu destino.
Desenvolvimento .......... sem envolvimento
Não é um setor ou outro. São praticamente todos. É o conceito coletivo que esta (ou estará) em conflito. É o crescimento desordenado. É o parasita que matará o hospedeiro e consequentemente extinguirá sua fonte de subsistência
Desenvolvimento .......... sem envolvimento
Também, não gosto de des-envolvimento
Prefiro ....
COMENVOLVIMENTO
Fonte(s):
Gramática Histórica da Língua Portuguesa - M. Said Ali –
wikipedia.org
Prof. Paulo Hernandes
soportugues.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário