Há pouco tempo fui a um evento numa escola particular
Fiquei olhando aquele bando de crianças
oriundas da pungente classe média joinvilense.
Pimpolhos que foram acostumados a
“ire e bire” de carro ...
... e que, provavelmente nunca pisaram num coletivo.
Vejo-os daqui a uns poucos anos recebendo
seus carros, e imagino o que nos espera no futuro.
Culpá-los? Não.
Proibi-los de terem carros? Que
injusto seria.
Some-se a isto toda a população
recém incluída nesta chamada classe média.
Ceifar-lhes o prazer da conquista
do novo patrimônio? Maldade, né?
E com isso, o que diriam os
vendedores das concessionárias. Felizes com o aumento da demanda.
E os estacionamentos? Os postos
de combustível? As lojas de acessórios?
E a ACIJ? E a CDL? E os tributos da Prefeitura, Governos
Estaduais e Federal?
E com uma pitadinha de veneno,
acrescentaria o indispensável recurso financeiro das multas.
E os “datavênias” invocando o
sagrado direito de ir e vir?
Acabar com os carros? Com a nossa
vaquinha? Creio que impossível seja.
Além disso, a culpa não é dos
carros.
Culpá-los seria como culpar as sacolinhas
dos supermercados pelo flagelo da poluição.
A culpa é do motorista. A culpa é
da falta de educação.
O problema é que Joinville
cresceu tão rápido que nós não nos apercebemos.
Esta já não é a cidade que
conheci à dez anos passados.
Ainda vemos o carro como uma
conquista de status que nos proporciona confortável transporte individual,
sempre nos levando onde desejamos ir.
Temos desculpas na ponta da língua:
- Nosso transporte coletivo
urbano é ruim.
Se eu fosse um grosso, eu diria
que é uma bosta ...... mas não sou.
É infinitamente melhor do que a
grande maioria, por este brasilzão afora ...... mas é ruidosamente ineficiente.
- Não temos ciclovia (alguém
questiona?) .... e nosso clima também não ajuda muito.
- bicicletas elétricas .... são
como zumbis. Ninguém sabe se é moto ou bike.
- motos ........ as chances de
virar estatística de acidente são grandes É mais seguro entrar na torcida do
flamengo com uma camisa do fluminense e chamar todo mundo de feio.
Quais seriam então as soluções?
TIRAR OS CARROS DO CENTRO.
Deixa tudo do jeito que está.
Cada um ganhando o seu quinhãozinho. Não muda nada .... só ...
Acaba com os estacionamentos nas
ruas do centro. Nada ...ninhunzinho
...nihil !
Deixem os estacionamentos
particulares e os dos moradores (claro)
Lado direito da rua – ônibus e
caminhões de abastecimento do comercio;
Lado esquerdo – ciclovias (não ciclo
faixas) .... CICLOVIAS !
Se o usuário de carro não tem
onde parar, ele vai ter que dar outro jeito.
Pode parar três ou quatro quadras
antes a vir andando;
Pode ir de carro até uma via
próxima daquela que for servida por ônibus;
E quem não vai pro centro e tem
que passar por lá.
Cazzo ! Aí cabe à prefeitura providenciar um contorno para
desviar do centro todo o trânsito inútil.
Aí sim – quando a classe média
usuária de carro particular começar a pressionar as empresas de ônibus e a
prefeitura, nós teremos um transporte
coletivo digno.
Civilizado não é quando o pobre
tem um transporte digno;
Civilizado é quando o transporte
é tão bom que até o rico o utiliza.