Depois de uma vida criticando os políticos (em geral), os corruptos (integralmente) e os prestadores de serviços públicos (infelizmente obrigados a orbitar o “lado negro” da administração pública), ..... comecei a tentar entender o porquê da deterioração da administração pública.
Li um pouco. Pesquisei aqui e ali. Conversei. Falei. Ouvi. Ouvi. Ouvi.
O primeiro culpado que encontrei foi o desrespeito à educação, e consequentemente aos educadores. Lembrei das histórias da família. Gerações de professores. Lembrei do querido tio Lourenço Lacombe – professor de historia - 50 anos no museu Imperial de Petrópolis (25 como diretor) ...... contador de causos, uma vez disse: “Estão matando os professores. Um parente professor deveria ser o orgulho da família. Um profissional professor deveria ser mais respeitado, prestigiado, homenageado e remunerado do que um médico, um juiz ou um prefeito”.
O segundo culpado foi o desprezo pelo patrimônio público. Entendi que o povo brasileiro não vê o patrimônio público como seu. Provavelmente o exemplo veio de cima. “faz de qualquer jeito. Pra quem é, tá bom!” Vendemos nosso voto, e consequentemente nossa qualidade de vida, por favores, camisetas, churrascos ou materiais de construção.
E o terceiro culpado (e talvez o principal) foi a omissão. A nossa ... a minha omissão. A sociedade se afastou da política. Tornamo-nos idiotas (na Grécia antiga: aquele que não participava dos interesses da coletividade). Temos tanto que fazer: comprar casa, carro, celular, ipad, tv LED, condomínio, roupa da moda, colégio, plano de saúde, cursinho de inglês, academia, Fantastico, BBB, SKY, segurança, férias, praia, natal, pascoa, carnaval, copa, futebol, churrasco, estudo, hora estra, cursinho, faculdade, pós, mestrado, doutorado, intercâmbio, carreira, aposentadoria, sexo, dieta, exames, óculos, pressão, depressão, estresse ................. e a administração pública. Putz!
“Quando os interesses da coletividade não se manifestam,
os interesses particulares se estabelecem”
Não. Não temos tempo para cuidar do que é coletivo. Se depredam a praça,... se assaltam lá no outro lado da cidade,... se há desvio nas verbas municipais,... se o que é feito não tem como objetivo o bem estar da população,... se sucateiam viaturas e instalações,... se eu não preciso ir no hospital municipal,... se eu não preciso usar o ensino público,... se eu não uso o transporte coletivo, ... se a merenda escolar é de má qualidade,... se há concorrências fraudulentas ...... “não é comigo. Não posso fazer nada.” (?!)
Então, precisamos participar. Precisamos nos acostumar a manifestar nossa opinião. Precisamos nos habituar a olhar o coletivo como parte nossa, de nosso patrimônio e de nossas necessidades.
Precisamos nos encontrar. Precisamos ter com quem falar e onde falar. Precisamos e queremos ser ouvidos. Precisamos nos fazer ouvir.
“Acordei” no inicio do ano passado. Grande ferramenta a internet (blogs, twitters e facebook).
O que você tem a ver com a corrupção foi o movimento que me abriu as portas para um grupo de conhecidos e desconhecidos que ainda tem um interesse em salvaguardar nossa qualidade de vida.
Uma ou duas horas de dedicação semanal à coletividade.
Atenção ao que acontece à nossa volta.
Não deixar passar a vontade, e a oportunidade, de manifestação.
Buscar saber quem toma as decisões que influenciam nossa comunidade.
Votar conscientemente.
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