sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

A hora da conversa franca

A prisão da quadrilha (uma delas) que atormentava as residências em nossa região pode servir para iniciar um debate sobre como devemos proceder e tratar as ameaças à coletividade.


Nos grupos de WhatsApp foram diversos os questionamentos sobre o assunto. A polícia pedia para que as vitimas comparecessem à delegacia para prestar queixa e fazer o reconhecimento.
Surge o questionamento sobre a insegurança de ser alvo de represália … já dando como certa a liberdade concedida pelo judiciário.
Após ouvir amigos policiais e outros membros de Conseg’s … Concluímos que o apoio a NOSSA polícia é de suma importância para colaborar para a NOSSA segurança.

Se um dos principios dos Conseg’s é fazer com que o cidadão tenha consciência do quanto ajuda a sua participação e do quanto a união pode fazer diferença, não podemos sucumbir ao constrangimento de apontar aqueles que nos ameaçam.
Caso haja alguma insegurança, façamos um pequeno grupo …. mas não deixemos de agir. A queixa e o reconhecimento formam um histórico, alimentam dados estatísticos, dão legitimidade às nossas carências …. e principalmente mostram para o policial que o seu esforço, que parece ser desprestigiado pelo Estado, é reconhecido pela sociedade.


Fazendo um esforço para não deixar ser guiado pelos instintos mais primitivos …. fica claro que nossa sociedade é vítima de uma inversão de valores.
A hipocrisia de direitos humanos concedidos a elementos que dele se aproveitam para violentar o cidadão e a coletividade. Direitos humanos concedidos a quem não age como humano.
Não podemos nos defender. Não podemos nos armar.
Não podemos repelir a ameaça às nossas famílias.
Porém … ameaça deveria ser tratada como ameaça.


Esta colocação não é um levante ao desrespeito da Lei. Leis evoluem conforme a sociedade evolui. Leis são instrumentos para regular o convivio dos membros de uma sociedade.
Seja da Constituição ou do condomínio do Edifício …. a lei deve ordenar a vida da coletividade.
O fato de ser Lei não a exime de erro, equívoco ou falta de abrangência.
Leis já fizeram homens escravos. Leis já separaram raças.
Leis faziam distinção entre o cidadão masculino e o feminino (mulheres não tinham direitos)
Então, se a Lei é burra e hipócrita …. muda-se a lei.


Vivemos em coletividade para nos unir e compensar carências e necessidades que não podemos promover por conta própria. Segurança, saúde, educação, saneamento, mobilidade ….
Unimo-nos para formar uma sociedade onde todos contribuem para disponibilizar qualidade de vida. Todos somam. Todos produzem. Todos crescem.
Se um indivíduo torna-se uma ameaça ... tendo por objetivo subtrair essa qualidade de convivência, ele tem que ser desestimulado e combatido.


Uma ameaça não pode ter mais condescendência do que o cidadão produtivo.
Uma ameaça não pode ter regalias a concessões.
Quando encarcerada, a ameaça não pode ter contato físico com ninguém que possa lhe dar algo.
Não pode ter telefone. Não pode ter visita íntima. Não pode ter “salário”.
Não pode ter tempo nem possibilidade de tramar contra a sociedade. Tem que trabalhar.
Ameaça tem que pagar o dano e compensar a sociedade o custo de matê-la sob guarda.


Vivemos tempos em que os valores sociais estão de ponta cabeça.
Político é “mais gente” do que cidadão.
Bandido tem mais direito do que a vítima.
Paga-se mais a um presidiário do que a um professor.
Assistimos marginal dando dedo na cara de polícial.
Sabemos de bandido acusando polícia de maus tratos.
Vemos vítima presa porque se defendeu de ameaça.


Em todas as rodas de conversas a indignação é assunto presente. Onde está o problema?
As atribulações da vida moderna, a cobrança do sucesso, a filosofia de estar sempre na frente e se superando, fizeram de nossa sociedade um agrupamento de “eus sozinhos”. Delegamos e elegemos outros, para que decidam sobre o que é nosso, e não raramente deixamos que as coisas aconteçam sem o devido acompanhamento. O fato é que as ameaças às nossas vidas tem se avolumado. O grito de indignação pede para sair. Mas a quem gritaremos?
Nossa muitas leis criam labirintos jurídicos onde a habilidade remunerada encontra caminho para o descaminho.
Quantas vezes já ouvimos: “Não posso fazer nada. A Lei não me permite” - polícias, políticos, juízes, gestores … todos atuando no limite do que a Lei” lhes permite. É a arena perfeita para o jogo do faz de conta: Você finge que participa, eu finjo que me importo, ele finge que faz alguma coisa…. E assim nossa qualidade de vida vai escoando pela sargeta da omissão.


Não. Não somos a Dinamarca
É hora de nossa sociedade debater nossos procedimentos de forma clara e sem hipocrisia. O que nos aflige? O que nos ameaça? O que precisa ser feito? Quem vai fazer? O que vai fazer?
Temos que juntar todos os segmentos da sociedade ... sem hierarquias, doutores, excelências, holofotes e pedestais ….


Cidadania é como TV sem controle remoto: se não levantar do sofá, não acontece nada.


NOSSA SOCIEDADE TEM UM PROBLEMA” ….

Como NÓS vamos resolve-lo?