quinta-feira, 2 de junho de 2011

A escolha da semente


  

Na primeira versão do filme “O Planeta dos Macacos”, do ano de 1968, protagonizada por Charlton Heston (quem não conhece procure no Google) que, resumidamente, mostrava a estória de uma equipe de astronautas que faz um pouso de emergência num planeta desconhecido, dominado por macacos inteligentes e falantes, onde os humanos selvagens eram caçados e escravizados, e que culminava com um ecatombico e revelador desfecho.

No transcorrer do filme, um fazendeiro (macaco) estava reunido com a família saboreando suculentas espigas de milho.

Enquanto comia, reclamava que as colheitas estavam decaindo ano-a-ano. O milho vinha cada vez menor, feio, falhado e fraco.

Ouvindo a lamentação, estavam os serviçais-escravos-humanos .... e entre eles um dos astronautas.

Não se contendo, interrompeu o chororô símio e, na intenção de tentar mostrar que não era um ser irracional, afirmou que a queda na safra ocorria porque eles, os macacos, estavam se alimentando das melhores sementes e plantando as piores.

A macacada caiu na gargalhada. O chefão, irritado com a impertinente intromissão, ordenou aos outros serviçais que o levassem ao castigo. Na seqüência, riram-se ainda mais da ignorância do abestado humano.

Moral da história: se queres evoluir, tens que plantar o seu melhor .... logo:

Se o indivíduo quer evoluir, tem que plantar o seu melhor;
Se a sociedade quer evoluir, tem que plantar o seu melhor;
Se a civilização quer evoluir, tem que plantar o seu melhor;

No decorrer dos últimos anos (muitos e muitos últimos) as safras de políticos têm dado motivo para comentários dos mais variados níveis e qualificativos de desabono.
A sociedade insatisfeita, reclama, critica e debocha de seus representantes. No entanto, a questão é se o fraco desempenho, e os escândalos à que assistimos quase que diariamente, são frutos de uma crise intelectual ou moral?

Será que por trás dessa cachorrisse toda, estão pessoas sem escolaridade, verdadeira e abestadamente despreparadas?
Ou ao contrário, será que toda a articulação à portas fechadas, todas as trocas e conchavos e todas as articulações de interesses dessas raposas criminosas de “colarinho-branco”, exige que estejam no limiar do conhecimento humano?

Por que, nós, sociedade organizada e supostamente pensante, contraditoriamente, colocamos pessoas desprovidas de conhecimentos técnicos básicos necessários para analisar, planejar, legislar e executar projetos e políticas sócio-econômicas com a eficácia e a presteza que a função pública exige?

Falta-nos conscientização da importância de nossas responsabilidades individuais e coletivas.
Falta-nos a decisão de romper com o comodismo, a zona de conforto e a omissão.
Falta-nos o hábito de analisar com minucioso critério as aptidões administrativas e o grau de comprometimento dos candidatos a nos representar na administração pública.

Lembremo-nos das últimas eleições:
Em quem votamos?
Quem nós elegemos?
O que foi prometido e comprometido?
O que foi cumprido?

Sementes podres.

Temos escolhido as piores sementes para o nosso futuro.
Novas eleições se aproximam.
Mais uma vez, teremos a oportunidade de semear.
Mais uma vez teremos que fazer uma escolha.

... e quem sabe, não personificar Charlton Heston diante da dura realidade.



 “Eles conseguiram ..... Os malditos conseguiram”

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