quarta-feira, 11 de maio de 2011

Vivemos num campo de futebol


O primeiro jogo começou normalmente. 11 de cada lado. Goleiros, bola, espaço para correr. Passes, passos, firulas, cabeçadas e gols, em suma, um jogo gratificante e divertido.

No segundo jogo, algumas alterações. Saíram dois jogadores e entraram cinco em cada time. O jogo começou estranho. Eram quatorze em cada lado. Ficou meio tumultuado, mas a disputa era engraçada.

No terceiro jogo, mais alterações. Novamente saíram dois jogadores de cada lado e entraram cinco em seus lugares. O jogo era uma piada. Dezessete jogadores em cada time. Ninguém conseguia uma coordenação.

No quarto jogo, novamente, saíram dois e entram cinco em cada lado. - Sem noção! Vinte jogadores de cada lado. Já não dava para ver a bola direito. Era um bolo de gente chutando o desconhecido e tentando chegar a algum lugar.

No quinto jogo, repetiu-se o delírio. Saíram dois e entram cinco. 23 de cada lado.
- Não dá! Começaram a gritar. Virou bagunça! Que descontrole é esse? Ninguém toma uma providencia?

Então, os dirigentes disseram que resolveriam a situação.

No sexto jogo, já com vinte e seis jogadores da cada lado, os dirigentes - que eram políticos espertos e de visão - apresentaram uns ajustes. Aumentaram o tamanho do gol, dobraram o número de goleiros e soltaram mais duas bolas no campo.

Esse seria o novo futebol.

Pois é. É exatamente isso que estamos fazendo com nossas cidades. Nossa área é a mesma, nossas águas são as mesmas, nossas montanhas são as mesmas, nossas ruas são (basicamente) as mesmas.

Usando a copa do mundo como unidade de tempo ( 4 em 4 anos), façamos uma reflexão: - nossas vidas.
Como era a vida na cidade na copa de 2002 ou de 2006? Como é a vida na cidade na copa de 2010?

Como será a nossa vida na copa de 2014? E na de 2018, 2022 .... 2062?

Quantos jogadores estarão no campo?

É hora de pensar




Publicado no jornal A Noticia

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